ESCOLHA DA FASE ESTACIONÁRIA EM HPLC

ESCOLHA DA FASE ESTACIONÁRIA EM HPLC

No desenvolvimento de métodos por HPLC, muitas decisões são críticas. Mas, poucas impactam tanto aperformance analítica quanto a escolha da fase estacionária (junto com a escolha da fase móvel e do pH, quando aplicável).

A coluna cromatográfica é o coração do sistema. É nela que se define a seletividade, a resolução e a eficiência da separação.
E é justamente por isso que sua escolha precisa ser técnica, criteriosa e orientada por conhecimento químico e, até regulatório.

A seleção da fase estacionária é um dos primeiros e mais decisivos passos em métodos destinados à análise de ativos, impurezas e produtos de degradação.

E, a razão é clara: um método construído sobre uma coluna inadequada resultará potencialmente em picos sobrepostos, baixa resolução, tempo de retenção incompatível e falta de especificidade.

Mas, o que considerar na escolha?

A estrutura química do analito deve sempre ser o ponto de partida:

- Compostos apolares ou moderadamente polares geralmente têm boa retenção em fases C18;
- Estruturas aromáticas ou com grupos π-eletrônicos podem se beneficiar de colunas fenil-hexil (interações π-π);
- Substâncias altamente polares exigem atenção especial: fases embebidas com grupos polares (polar embedded), HILIC ou até troca iônica reversa podem ser opções mais adequadas.

Além disso, aspectos como pH, estabilidade química do composto, efeitos de matriz e a química e viscosidade da fase móvel também devem orientar a decisão.

Em ambientes de controle de qualidade e desenvolvimento analítico, a escolha da fase estacionária está diretamente ligada a:

- Robustez do método frente a variações de lote da coluna;
- Reprodutibilidade entre diferentes laboratórios (transferência analítica);
- Compatibilidade com detectores específicos (DAD, MS);
- Longevidade da coluna e custo por análise;
- Conformidade com guias como ICH Q2 e farmacopeias oficiais.

A avaliação de colunas similares de diferentes fornecedores também é etapa importante, tanto para fins de qualificação analítica quanto para mitigação de risco em casos de descontinuação do fabricante (robustez).

E, especialmente em métodos de impurezas ou estabilidade, a escolha inadequada da coluna pode mascarar degradações críticas ou gerar falso negativos, com impacto direto na liberação de lotes e na segurança ou qualidade do produto.

Um ponto interessante é que, com o avanço das colunas de partículas superficially porous (core-shell), muitas equipes têm migrado de fases totalmente porosas para opções que oferecem maior eficiência com menor backpressure, otimizando tempo analítico sem sacrificar separação.

No fim das contas, a escolha da coluna é uma decisão estratégica que define a viabilidade e confiabilidade do método a longo prazo.

E você, como tem conduzido essa escolha nos seus projetos analíticos?

Baseada apenas em métodos legados ou sustentada por estudos de seletividade e avaliação prévia?

Autor: Carlos Eduardo Rodrigues Costa

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